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Trauma

  • keite Marchiori
  • 4 de ago. de 2024
  • 5 min de leitura

Atualizado: 1 de out. de 2024


Mulher triste e cansada

Traumas são aqueles acontecimentos que desafiam nossa capacidade de lutar e reagir. Nosso corpo e mente se limitam a sobrevivência e nos tornamos incapazes de recobrar o equilíbrio. Ficamos desnorteados, sem saber o que fazer, sem conseguir falar sobre, nos isolamos e nos fechamos. No entanto, poucos sabem que somos bem adaptados para lidar com situações traumáticas desde os primórdios da humanidade.


Qual é a explicação biológica para o trauma?


Diante de uma ameaça que coloca nossa vida em risco, nosso corpo sabiamente aciona nosso sistema de proteção: luta, fuga ou congelamento; e então conseguimos empreender grandes esforços para garantir nossa sobrevivência. Neste processo lidamos de forma adequada com a ameaças que surgem e automaticamente nos curamos e evitamos nos traumatizar. No entanto, quando não conseguimos ter as ações necessárias para nos proteger, nós congelamos, o processo fica incompleto e nosso corpo conserva o registro do estresse sofrido.


Estas ações biológicas incompletas perduram em nossa memória corporal, ficam registradas em nosso corpo, alteram a química cerebral e afetam o nosso sistema nervoso. Começamos a ter reações dolorosas extremas conhecidas como reações traumáticas que podem nos acompanhar por longos períodos como se estivéssemos sendo ameaçados o tempo todo, seja esta ameaça real ou não. Desta forma, o trauma está presente em nosso corpo em forma de sensações, e apesar do evento traumático, muitas vezes, ter ocorrido no passado, sentimos as sensações e emoções traumáticas em nosso corpo no momento presente. Esse sofrimento físico e emocional pode interferir em nossas vidas nos mais diversos setores, trazendo enormes prejuízos à nossa vida e saúde.


Quais são os tipos de trauma e os sintomas envolvidos?


Menina triste olhando pela janela do carro

O trauma é algo que acomete a todos nós, é um fato que permeia a vida moderna. Cada um de nós já teve pelo menos uma experiência traumática ao longo da vida, mesmo que tal evento não tenha desencadeado estresse pós-traumático. Algumas pessoas foram traumatizadas mas não apresentam sintomas imediatamente, e alguns sintomas podem permanecer ocultos por longo períodos após um evento desencadeador. Quando se fala em trauma a maioria das pessoas pensa nos veteranos de guerra ou em pessoas que sofreram graves abusos na infância. No entanto, muitas causas de trauma não são consideradas como geradoras de sintomas traumáticos nos consultórios médicos, o que dificulta o tratamento e a cura. Muitos acontecimentos, situações e condições podem mais tarde causar reações traumáticas, dependendo de como o evento foi vivenciado pela pessoa e do momento em que aconteceu.


Dentre os antecedentes traumáticos mais comuns temos; trauma fetal (intrauterino); trauma no nascimento; níveis altos de estresse na gestação, perda de um dos pais ou de um parente próximo; doenças, febre alta ou envenenamento acidental; ferimentos físicos advindos de quedas ou acidentes; abuso sexual, físico e psicológico, inclusive abandono grave e espancamentos; testemunho de violência, desastres naturais, como terremotos, incêndios e inundações; determinados procedimentos médicos e odontológicos; cirurgia, sobretudo retirada de amígdalas com uso de éter, operações para problemas auditivos e estrabismo; anestesia, imobilização prolongada, entalar, engessar as pernas e o tronco de crianças pequenas por diversas razões.


Mulher no escuro sozinha

Para elucidar melhor os sintomas traumáticos precisamos ter uma noção da classificação dos traumas. Entre as definições de incidente traumático temos: Trauma de choque (acontecimento inesperado, súbito e assustador, grande demais para que o nosso sistema nervoso o compreenda e assimile. Desencadeia medo intenso, desamparo e perda de controle, desorganizando o sistema nervoso. As pessoas em choque ficam aturdidas, trêmulas e desorientadas). Trauma no desenvolvimento (consequência de prolongada desarmonia na relação da criança com seus pais. Pode ser causado por negligência ou abuso, físico ou emocional. Frequentemente inter-relacionado com experiências de choque traumático, manifesta-se em traços de caráter disfuncionais). E Transtorno de estresse pós traumático (distúrbio resultante de acontecimentos traumáticos não resolvidos e geradores de ansiedade. Os sintomas incluem flashbacks invasivos, hipervigilância e fuga. Tais sintomas podem levar as pessoas acometidas pelo trauma à total incapacidade de viver o dia a dia. Outras se sentem assoladas pela destruição).


Sintomas mais comuns de trauma


Dentre os sintomas mais comuns de traumas há flashbacks, ansiedade, ataques de pânico, insônia, depressão, queixas psicossomáticas, dificuldade de se abrir, ataques de raiva violenta e não provocada e comportamentos destrutivos repetitivos.


Para melhor elucidação, segue abaixo um resumo de relatos de emoções e sensações sentidas por pessoas traumatizadas:


Tenho medo de absolutamente tudo. Tenho medo de sair da cama de manhã. Tenho medo de sair de casa. Tenho muito medo da morte, não de morrer algum dia, mas de morrer nos próximos minutos. Tenho medo da raiva, da minha e da dos outros, mesmo quando esse sentimento não está presente. Tenho medo da rejeição ou do abandono. Tenho medo do sucesso e do fracasso. Sinto dor no peito e formigamento e entorpecimento nos braços e pernas todos os dias. Quase todo o dia sinto cólicas que vão do tipo cólica menstrual a uma dor intensa. O fato é que eu sinto dor a maior parte do tempo. Acho que não consigo continuar. Tenho dores de cabeça. Sinto me nervosa o tempo todo. Minha respiração é curta, meu coração dispara, sinto desorientação e pânico. Estou sempre com frio e com a boca seca. Tenho dificuldade de engolir. Não tenho energia e nem motivação e, quando realizo alguma coisa, não sinto nenhuma satisfação. Sinto-me sobrecarregado, confuso, perdido, desamparado e sem esperança todos os dias. Tenho explosões incontroláveis de raiva e de depressão”.


Como curar o trauma?


Mulher olhando o horizonte

Apesar do cenário doloroso e desmotivador, é possível curar o trauma e seguir com a vida adiante de uma forma plena, leve e feliz. A chave para a cura do trauma está em nossa fisiologia, exigindo uma experiência completa do organismo que vive, sente e conhece. Para se curar do trauma é preciso compreender que este altera a química do cérebro, desencadeando mudanças hormonais e aumentando a produção de adrenalina, cortisol ou opióides. É preciso reconhecer que o trauma representa os instintos animais que foram distorcidos. Como o trauma afeta o sistema nervoso, se faz necessário a reintegração das três camadas do cérebro; o neocórtex, o cérebro emocional ou límbico e o tronco encefálico. Sendo o trauma um processo incompleto precisamos aprender a liberar o excesso de energia aprisionada e completar as reações de luta e fuga que mobilizamos ao nos deparar com a ameaça.


De acordo com pesquisas recentes, para completar o processo de cura, é importante aprender a desenvolver a sensopercepção, ou seja, ampliando nossa percepção corporal física de sensações e emoções damos vazão a energia que foi aprisionada no processo biológico. A sensopercepção, desta forma, nos conecta com a nossa voz natural instintiva desencadeando a cura do trauma. Portanto, a cura para o trauma está em nosso próprio corpo.

Quando nós compreendemos como o trauma acontece e identificamos os mecanismos que impedem sua resolução, podemos apoiar essa capacidade inata de cura usando ideias e técnicas simples em terapia.

A cura pode ser profundamente transformadora, através de seu processo, ampliamos nossa consciência, expandimos nossa capacidade de superar futuras situações devastadoras e aprendemos a lidar com o medo. Desta forma, nos libertamos, há esperança, os horizontes da vida se abrem para novas possibilidades. 

Venha se curar dos traumas! Você merece viver plenamente.






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