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Luto e perdas

  • keite Marchiori
  • 12 de set. de 2024
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de out. de 2024


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Mulher enlutada olhando pela janela

A dor de perder alguém íntimo é dilacerante. Temos luto todas as vezes que perdemos algo importante para nós. E apesar do que a maioria das pessoas imagina, o luto não é sentido somente na morte física, temos luto sempre que passamos por rompimentos significativos em vários setores de nossas vidas.


O luto pode ser definido como reação emocional associada à um rompimento ou mudança brusca. Todos nós vivenciaremos o luto em algum momento. Temos luto todas as vezes que sentimos que perdemos uma parte nossa, uma parte preciosa de nossas vidas. Podemos ter luto, até mesmo diante de acontecimentos tidos como positivos em nossa sociedade e cultura. Temos luto quando sentimos que não somos mais os mesmos, como se um pedaço de nós tivesse sido amputado de nosso corpo, de nossa alma, como se parte de nossa vida tivesse se esvaído no tempo, como se não fôssemos mais o que éramos antes.


A experiência de luto é vivenciada quando passamos por situações significativamente dolorosas. Estas situações podem estar relacionadas ao término de um relacionamento, a perda de um emprego significativo pelo qual se era apaixonado, o rompimento de uma amizade, a mudança de rotina, maternidade e paternidade, mudança de país, mudança de cidade, de casa, despedidas, decepções, rompimento do relacionamento com um familiar e perda de saúde, término de uma graduação. Toda vez que eu preciso romper de forma abrupta com a minha vida, meus costumes, minha rotina, minha comunidade posso ter a vivência do luto.


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Mulher sozinha

Como cada pessoa é única, o luto é vivenciado por cada um de diferentes formas, de acordo com suas crenças, valores, vivências anteriores, personalidade e cultura. Apesar do luto não ser uma doença e sim algo natural, um estado emocional que transpassa por nós, podemos desenvolver o que chamamos de luto patológico. Teremos então duas classificações para o luto; o luto sadio, natural e o luto patológico.


Luto Natural

No luto natural ou sadio há espaço para as diferentes emoções, sensações e comportamentos, às vezes até contraditórios, mas ocorrendo no momento que tem acontecer. Podemos nos deparar com a tristeza profunda, lágrimas, desespero, raiva, amor, ódio, decepção, ansiedade, depressão, culpa e autocensura, solidão, fadiga, desamparo, choque, saudade, alívio, libertação, torpor, descrença, confusão, preocupação, sensação de presença da pessoa querida perdida por nós, insônia, distúrbios de apetite, isolamento social, evitação, hiperatividade e agitação, suspiros. Há dias em que sequer conseguimos nos levantar da cama, mas há dias em que queremos nos ocupar, dias com fome, dias sem fome, dias com sono, dias sem sono, dias que temos vontade de ficarmos quietinhos em nosso canto, dias em que temos vontade de trabalhar, vontade de viver, vontade de morrer; e tudo isso é normal quando temos luto. Estes muitos desafios que testam a nossa capacidade de seguir adiante fazem parte do luto natural.


Mas quando é que o luto não é sadio?

Apesar do luto ser natural na vida e de ser uma estado doloroso transitório pelo qual todos nós passaremos, há um tipo de luto que pode ser patológico e que pode nos tornar extremamente disfuncionais em nossa vida diária, como se deixássemos de Ser depois da perda sentida. Desta forma, o luto é avaliado como natural ou patológico de acordo com a funcionalidade exibida pela pessoa enlutada e o tempo de luto. Quanto mais prolongado o luto, mais complexo ele se torna e mais tende a prejudicar a saúde mental do indivíduo. O luto patológico e complexo pode ser dividido em três tipos. Um dos tipos de luto patológico é o luto Crônico, onde há o prolongamento do tempo de luto, imbuído de ansiedade e inquietude. Já no luto Adiado, as fases do luto não se apresentam adequadamente no tempo decorrido, levando ao isolamento e outros sintomas distorcidos. No luto Inibido há total ausência de características de luto.


O luto é um processo individual, natural, transitório e doloroso para todos nós, mas é uma vivência da vida. Em sua travessia devemos acolher nossas lágrimas, medos, emoções, dores e sofrimentos, acolher a nós mesmos. Neste momento em que somos convidados a olhar para a finitude, a fase mais difícil do luto é quando se sente vulnerável, sozinho, isolado, desamparado, mas é importante lembrar que cada um tem o seu tempo, e este tempo deve ser respeitado. Cada fase da vivência do luto é importante e faz parte do processo da vida, do seguir adiante, do estar vivo.


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Pai e filho brincando com bolhas de sabão

Doer sempre dói, amar dói muitas vezes. Se você tem um amigo, um parente, uma pessoa querida passando por luto, indique a psicoterapia para ela. Apesar do luto ser um processo individual e único, não precisamos passar por ele sozinhos. Podemos ter ajuda, amparo, apoio, podemos aprender a nos acolher, podemos aprender com o processo rumo à uma vida repleta de significado, sabedoria e cheia de boas saudades.


Se você sente que perdeu uma parte de si, ou conhece alguém que está tendo dificuldades para seguir saudavelmente com a vida em função da dor, entre em contato! Existe vida após a perda!




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