Relacionamentos
- keite Marchiori
- 12 de set. de 2024
- 5 min de leitura
Atualizado: 1 de out. de 2024

O que contribui para os relacionamentos se tornarem sólidos e felizes? O que faz com que uma relação dê certo? Como podemos nos relacionar saudavelmente conosco e com o outro?
A maioria das pessoas têm dificuldades para responder a estas perguntas. Quando se fala em relacionamento amoroso, dentro de nossa sociedade, logo se pensa na relação amorosa e na escolha certa da cara metade. Nós crescemos em uma cultura que prioriza acima de tudo a escolha da pessoa certa, sendo este, considerado o maior desafio nos relacionamentos amorosos. Nos contos de fada, por exemplo, o grande desafio para estar juntos termina no momento que o relacionamento se inicia. E uma vez que acreditamos que encontramos a pessoa certa, que estamos finalmente juntos, segue-se a vida. Não há preocupação genuína em aprender a cultivar e a fortalecer a relação estabelecida.
Nós observamos com frequência que quando os casais se casam, acreditam ilusoriamente, que é o amor que sustenta o relacionamento, mas o que nem sempre se sabe é que a forma de se relacionar é que sustenta o amor. Desta forma, a base dos relacionamentos saudáveis é o investimento e cuidado mútuos aliados ao propósito e a intenção de estar juntos. É importante manter-se atento ao parceiro, à parceira escolhida por nós, atentos a nós mesmos, atentos à relação que estabelecemos com o outro, pois a felicidade à dois é construída no dia a dia.
Para que façamos um investimento assertivo em nossos relacionamentos amorosos é importante ter sensibilidade para observar alguns requisitos que vão desde como as pessoas amam e se sentem realmente amadas, à expressão autêntica desse amor, à confiança, ao respeito, ao desenvolvimento de uma boa comunicação, até o desenvolvimento de uma boa autoestima e intimidade profunda.

No dia à dia, pode acontecer de sermos arrastados pela rotina, pelos afazeres, pelas obrigações e nos distanciarmos do outro, nos distanciarmos de nós e nos isolarmos sem sequer questionar o que poderíamos fazer diferente. Esquecemos de nos perguntar: Como meu parceiro, minha parceira precisa de mim hoje? Como ele está? Como ela está? É possível se voltar para o outro e estar presente, aprendendo a dar e a receber amor, provendo nossas necessidades emocionais e estendendo este cuidado ao outro como demonstração de nosso afeto e carinho.
Sabemos, no entanto, que é humanamente impossível prover o outro em todas as suas necessidades. É muito mais importante que cada um saiba se prover. E nós podemos aprender a atender estas necessidades em nós mesmos primeiro. Se estamos satisfeitos conosco há uma grande probabilidade de nos relacionarmos de forma saudável com o outro.
Necessidades universais
Mas o que seriam estas necessidades? Que necessidades precisamos que sejam atendidas para nos sentirmos queridos e amados? As necessidades emocionais são universais e muito importantes para o estabelecimento de uma relação saudável, sendo classificadas como: necessidade de atenção, necessidade de aceitação, afetividade, apreciação e permissão.
Então, sentir se priorizado ou sentir que o outro presta atenção em nós, envolve sentir que a pessoa tem um interesse genuíno em você, no que você gosta e não gosta, no que te inspira e motiva, sem ser intrusivo. A atenção faz com que nos sintamos ouvidos e percebidos pelo outro. Também é preciso sentir-se aceito para sentir-se amado.
A aceitação gera o sentimento de que se é compreendido nos próprios interesses, desejos, valores, atividades e preferencias, exatamente como se é. Na aceitação não tentamos mudar o outro ou alterar aquilo que é importante para aquela pessoa, nós o respeitamos integralmente.
Para se sentir amada ou amado é importante sentir a expressão da afetividade do outro. Uma relação que propicia afeto, carinho, conforto físico e compaixão tende a ser mais saudável. Também precisamos nos sentir apreciados genuinamente, sentir que temos apoio e gratidão pelo o que somos e como somos.
E finalmente na necessidade de permissão, quando nos é dado permissão, sentimos que é seguro ser nós mesmos, expressar o que sentimos, mesmo que seja algo que não seja inteiramente aceitável socialmente ou bonito de se mostrar.
É importante observar, que não é possível suprir em cem por cento as necessidades do outro, conseguimos atender somente uma porcentagem delas, principalmente nos relacionamentos amorosos. Quando não nos sentimos inteiros, com boa autoestima, tendemos a buscar a validação e aceitação do outro o tempo todo. Desta forma é importante aprender a atender as nossas necessidades primeiro. E se não o fazemos, podemos nos sentir às voltas com conflitos, desentendimentos, cansaço, frustração e dificuldades infinitas dentro dos relacionamentos com nossos parceiros, filhos e até mesmo amigos. Enfrentar dificuldades, ter resiliência depende em grande parte de nossa capacidade de se prover e se amar. Para tal intento, precisamos desenvolver algo tão importante quanto uma boa provisão de necessidades; precisamos desenvolver uma boa autoestima. A autoestima é essencial para nos mantermos saudáveis em todos os nossos relacionamentos.
Autoestima

Ter uma boa autoestima é requisito básico para uma boa relação amorosa. E se a empreitada é legítima, ambos os parceiros precisam desenvolvê-la. Pois como foi dito anteriormente, quando nos emaranhamos na baixa autoestima acabamos por fazer exigências e cobranças excessivas, nos sentimos carentes o tempo todo e ávidos por validação. E assim, começam as reclamações sem fim, as críticas tão nocivas, a culpabilização do outro, o foco nos problemas e não nas soluções, acreditamos que o outro é responsável por nossa felicidade e colocamos o nosso bem estar nas mãos do outro sem assumirmos a responsabilidade que nos cabe, envenenando a relação estabelecida. Por sua vez, o outro se debate em meio a tantas demandas sufocantes, difíceis de serem resolvidas, trazendo peso e desgaste para o relacionamento, desgaste no bem querer.
Portanto, se estamos cheios de amor por nós mesmos, se atendemos nossas necessidades, fica bem mais fácil se relacionar com o outro intimamente e oferecer apoio, atenção, afeto, segurança e confiança, solidificando o relacionamento.
Metaforicamente, podemos afirmar que o amor não é tolo, o amor gosta de ser bem tratado, tratado com gentileza, com respeito, ele espera que estejamos bem, saudáveis, com um bom senso de si próprios para se aproximar. Sendo assim, é importante se cuidar e se amar para amar.
Resumindo, podemos afirmar que para estabelecer uma relação amorosa saudável, precisamos primeiro estabelecer uma relação saudável com nós mesmos através do autoconhecimento, autocompaixão e boa autoestima. Desta forma, os casais saudáveis se apreciam e se admiram mutuamente, valorizam bons momentos e cultivam hábitos positivos. Casais saudáveis sabem ouvir e tem uma boa comunicação. Casais saudáveis priorizam a solução de problemas e são intimamente familiarizados como o mundo interno um do outro. Estas habilidades tornam o relacionamento sólido, e estável e podem ser desenvolvidas e aprendidas em terapia.
Se você ou alguém que você conhece deseja investir em si mesmo, no relacionamento amoroso, no autoconhecimento, melhorar a autoestima e autocompaixão, ou desenvolver habilidades de comunicação e expressão para se relacionar com autenticidade, entre em contato comigo. Será um prazer te acompanhar nessa jornada.